O domínio da Red Bull na Fórmula 1 por várias vezes é atribuído à 2 fatores. Primeiro, à Max Verstappen, que consegue extrair desse carro muito mais do que seus companheiros de equipe à muito tempo, e com isso, alcança resultados expressivos. E segundo, ao carro, que principalmente desde 2022, é o mais forte do grid com sobra, com sua equipe técnica dominando profundamente os conceitos por debaixo dos carros de efeito solo, algo que suas rivais ainda caminham a passos lentos nessa área.
E sempre que se fala das qualidades e do desempenho dos carros da Red Bull, o primeiro nome que vem a mente é Adrian Newey, já que o renomado projetista foi o responsável por vários carros de sucesso da história da Fórmula 1, e atualmente, é um dos principais nomes no que se trata do desenvolvimento dos carros da equipe, com seu domínio sobre o efeito solo sendo extremamente útil nessa nova fase da F1, e consequentemente, as ideias aplicadas nos carros da equipe são as mais copiadas por todas as rivais.
Mas, outro nomes que tem se tornado a cada dia mais essencial para a Red Bull é Pierre Waché, que atualmente, é o diretor técnico da equipe dos energéticos, sendo quem lidera o desenvolvimento do carro todos os dias dentro da fábrica.
Waché tem sua especialização em mecânica dos fluidos, e já trabalhou para a fabricante de pneus Michelin a partir de 2001, justamente focado no desenvolvimento de pneus para carros de Fórmula 1. Em 2006, com a saída da Michelin da Fórmula 1, Waché foi para a equipe BMW Sauber, assumindo o papel de engenheiro de desempenho, focado nos pneus e suspensões, sendo promovido à chefe em 2009 após várias mudanças na equipe, recebendo uma nova promoção em 2012.
Essa carreira de sucesso chamou a atenção da Red Bull, que em 2013, contratou em Waché, com ele pouco depois assumindo o cargo de chefe da divisão de dinâmica dos carros, subindo para o cargo de diretor técnico na temporada de 2018, sendo o cara logo abaixo de Adrian Newey no que se trata do desenvolvimento dos carros daí para a frente.
Mas principalmente depois de um acidente sofrido por Newey em 2021, onde ele teve que se afastar totalmente de suas atividades com a equipe de Fórmula 1, Wache assumiu mais responsabilidades em um momento crucial para a equipe, já que estava em desenvolvimento o primeiro carro desses novos regulamentos, o RB18, com ele sendo muito elogiado por toda a chefia da equipe por ter lidado bem com a situação, e entregado um carro extremamente competitivo, assumindo dali para a frente, a responsabilidade por liderar a equipe técnica de forma diária na Red Bull.
Dali para a frente, Newey foi aos poucos, se afastando um pouco de algumas funções, não sendo mais o responsável pelo desenvolvimento de cada parte desses carros, delegando essa função para outros membros, e atuando principalmente na parte da criação da ideia principal, do conceito do carro, com sua equipe dando sequencia ao trabalho, com Waché liderando daí para a frente.
Até o próprio Pierre Waché falou ao motorsport.com sobre a função de Newey atualmente na Red Bull, onde na integra, ele disse:
"Quando se trata de engenharia, Adrian obviamente tem a maior experiência de todo o grid. Temos que usar bem essa experiência, porque ele trabalha menos tempo para nós atualmente. Não sei como dizer isso em inglês, mas ele está lá mais para nos desafiar. Ele não está lá para criar o projeto completo, ou seja, o conceito completo do carro.”
Mesmo afastado de algumas funções, Newey ainda é considerado por todos como o chefe, o líder, no que se trata do desenvolvimento e dos rumos que a equipe seguirá com seu carro, sendo um dos grandes defensores das novas ideias que foram aplicadas no RB20, dessa temporada de 2024, com as entradas dos sidepods menores e toda a revolução por debaixo do assoalho, sendo uma enciclopédia de conhecimento que é aproveitada ao máximo por toda a equipe técnica da Red Bull.
Quem também falou um pouco sobre a participação atual de Newey foi o chefe da equipe Christian Horner, que no final de 2023, deu mais alguns detalhes, dizendo:
“Nos últimos anos, Adrian se afastou do trabalho diário na F1. Agora, ele divide seu tempo entre o setor de tecnologia e o campeonato. Eu acredito que temos a equipe técnica mais forte de nossa história e isso permitiu que Adrian saísse e assumisse outros projetos. Obviamente, nós ainda trabalhamos com Adrian, mas não todos os dias. Eu creio que 50% do tempo dele é dedicado à F1. Ele vai ao escritório alguns dias por semana, mas quando sua ajuda é necessária, a equipe técnica sempre pode chamá-lo”.
Como prova disso, atualmente, Newey não participa de todas as corridas do calendário, e não está todos os dias dentro da fábrica da equipe, atrás de sua famosa prancheta, tendo tempo disponível para participar de outras atividades, tanto dentro da Red Bull, em projetos paralelos, como também em atividades pessoais.
Mesmo não estando mais diariamente na Red Bull, Newey continua sendo uma parte de extrema importância na equipe, com Waché deixando claro isso em outra entrevista, onde disse:
"Newey é insubstituível! Isso mesmo, não pode ser substituído! No dia a dia, ele não está envolvido em nossos processos. Mas ele vem para nos ajudar ou desafiar em diversos aspectos, como no design mecânico, aerodinâmica ou dinâmica do carro. Precisamos aproveitá-lo pela experiência dele, já que ele tem menos tempo para nós.”
Dessa forma, o futuro de Newey ainda é incerto, já que ele mesmo afirmou que está em uma contagem regressiva para o fim de sua carreira. E com as mudanças que a FIA pretende aplicar nos regulamentos financeiros para as próximas temporadas, já surgem informações de que Newey pode se afastar em definitivo do projeto da Fórmula 1 visando reduzir custos, o que ainda não se sabe se realmente irá acontecer, dependendo bastante de como serão esses regulamentos novos, e do tanto que a Red Bull confia na independência do restante da equipe técnica para liderar os desenvolvimentos futuros.
Novamente, o próprio Newey afirmou que se um dia sentir que não é mais tão necessário, ele sairá e buscará novos desafios, o que esperamos que não aconteça tão cedo, já que suas ideias e os carros desenvolvidos por ele são sinônimo de inovação e alto desempenho, que é exatamente o que queremos na Fórmula 1, seja na Red Bull, seja em qualquer outra equipe que Newey quiser trabalhar.
E falando de Pierre Waché, o francês tem se mostrado um dos grandes nomes no que se trata do desenvolvimento dos carros, e pode ser um dos grandes nomes do futuro da categoria, já que trabalhando por tanto tempo ao lado de um dos maiores da história, com certeza ele adquiriu muita experiência, com isso ficando claro no excelente trabalho que tem feito na Red Bull atualmente.
